28 julho 2004

De-vida-mente

Corre o vento
Na praia do momento
Da gaivota à solta
Do fundo ao monumento
Corre o vento
Vai para dentro.

Maré que se esvazia
E o barco que vai lento
Como eu queria, como eu queria
Escrevendo mais um verso atento
Tento fazer poesia
Com alegria, de vida
Devida.
Na areia estão cacos revoltos
Sacos e pedras vazias
Toucas e insectos lindos e tortos
E quente, o sol que até arrepia
De alegria, com vida
Convida.

Corre o vento
Soprando levemente
Está quente, está quente
Este tempo que não se arrepende
Que não se mede e nem se perde mas se sente
Cá dentro, de vida e mente
E corre com o vento.

26 julho 2004

O que te sente (Reescrito)

Não sei o que te faço
, o que te faça
Não sei o que te falo
, o que te fala
Não sei o que te peço
, o que te peça
Não sei o que te escrevo
, o que te escreva
Não sei o que te salva
, o que te salve
Não sei o que te mente
, o que te minta
Não sei o que te toque
, o que te toca
Não sei o que te grite
,o que me grita
Não sei o que te vejo
, o que te veja
Não sei o que te beijo
, o que me beija
Não sei o que te chama
, que me chame
Não sei o que te ama
, que eu ame.

24 julho 2004




















23 julho 2004

Paredes da guitarra

À guitarra
Portuguesa com certeza
Daqueles acordes de princesa
Que nos acordam a alma com gentileza.
À guitarra
Portuguesa gritada
Tocada no coliseu ou na esplanada
Do fado à capela ou à desgarrada.
À guitarra
Portuguesa da alegria e do lamurio
Raiz da nossa vida e do augúrio
Correndo a calma sobre o rio fecundo.
À guitarra
Portuguesa da nossa cultura
De poema e gritaria que sussurra
Bem alto da altura.
À guitarra
Portuguesa acompanhando o mar
Toca em coração mais um grito de amor
Toca para se saborear e nos tocar.
À guitarra
Portuguesa agora sem o Paredes
dos Verdes Anos, das Danças Portuguesas, da Sede e Morte,
Guitarrista da garra maior sem sorte
que tocará sempre a sua guitarra e o inesquecível acorde.

21 julho 2004

Por onde

Por onde quer que ande
Ando sempre, ando sempre,
Por onde quer que vá
A minha vontade que se segue por
acolá em frente.
Serei um bicho da noite
Levitando sobre este calor quente
Que a gente que dorme não sente,
Serei o bicho da noite
De luz acesa e com uma caneta que escreva
E com uma dor de cabeça que me leva,
Por onde quer que ande, que vá
Andando sempre, andando sempre lá
Onde aqui não estou.
Seguem-se alucinios e delírios
Febres lúcidas sobre aquilo que sou
Cometendo crimes e pecados ainda por inventar
Explicações razoáveis sobre teorias de aldrabar
E vou, estando, cada vez mais louco
Por caminhos que sabem a tudimuito.
Por onde quer que ande
Ando sempre, ando sempre...

18 julho 2004

Força

E luto, procuro,
Em paraíso soturno onde encontro
Onde durmo acordado
Num sempre verso em silêncio contado.
 
E luto, verbo aceso,
Na noite escura em esperança clarificada
Afiando a lança que me põe preso liberto e me agarra
A mais uma linha que se deriva desgarrada
Em mais uma palavra que se cativa motivada
Porque ainda posso,
Porque é meu e é nosso o desejo
A vontade de dar um beijo
Escrevendo, vivendo
Onde quer que se esteja sendo...
 
, preciso de mais uma silaba se não morro de medo 
neste mundo em que nada se salva sem a força da palavra

14 julho 2004

Ainda longe

E ao longe, os primeiros sinais de vida
Como o barco que toca e o cão que grita
e o pássaro que se agita a cada minuto que passa
Na minha hora de madrugada já longa
em que o sol raia e o seu raio me pega
por frestas esclarecedoras iluminadas
sobre uma noite mal passada
como todas estas ultimas dormidas
em que nem tenho tempo para sonhar
e para atingir o cume do cimo do mar.

E ao longe, os primeiros sinais de vida
Com a estrada que começa a fervilhar
e a pedir por mais movimento
e gente e calor e vento e arredores
sinais, acordes, catástrofes e sofrimento
Aqui da minha janela fechada vendo tudo lá para fora
onde me meto, onde me jogo e liberto o medo
bem cedo onde toca a saudade
e o desejo ardente do cheiro a amor
gritando esta vontade mesmo com dor.

E ao longe, os primeiros sinais de vida
Ainda longe do que eu quero para mim
quando quero, se algum dia a vou querer igual a tantas outras.
Não. Sei que as outras não quero,
Só te quero a ti.

12 julho 2004

E eu espero

E eu espero,
Espero que volte e me toque
Que telefone, que diga que choque
Nem que seja com uma asneira ou brincadeira
Palavrão feito ou flor que não se cheire.
E eu espero,
Espero até que anoiteça e adormeça
A minha vontade que vacila onde começa
Aqui esperando onde me vivo e deito sozinho
No fino toque do cabelo e do caminho.
Mas eu espero,
Espero calmo tranquilo confuso
Na doce lembrança do passado difuso
Acertado e estimulante
Por vezes verdadeiro, outras vezes errante.
Espero, até quando o desespero.

09 julho 2004

Junto com pedaços

Junto os pedaços e divago mergulho nos braços da distância
junto dos pedaços, bocados de corpo e riso de peito aberto
junto em pedaços uma bola colorida entre as mãos de uma criança
A nossa, que se escreve e que eu aperto com passos apressados de infância.

Toquei na sombra em branco da minha pele
Movimentei objectos sem ordem aparente e perdi-lhes no tacto
na delicia que deve ser tocá-los ao de leve e de repente,
Procuro gente, sem fato,
gente de facto.

E toquei na sombra e gritei o sol baixinho no teu quarto
Agitei as águas geladas na hora e percorri tudo sem maneira
Vasculhando cada letra perdida por brincadeira sentado na cadeira
E agora entro aí dentro, provo o leite e me deito no lento gosto
sem saída.

E junto os pedaços dos pedaços em pedaços da sombra inquieta parada vadia
Dos nossos para os nossos em nossos desejos de letra e vida que não pára
Como ossos dentro de fossas e louças baratas
sinceras
Fotografo o espaço e guardo os restos das lembranças
raras.

07 julho 2004

No meu olhar

E estou em frente ao mar
Sozinho a pensar
Em minhas escolhas
Olhando as coisas que criam bolhas
Transbordadas
De um sossego inquieto
Que me liga e me põe chato
Natural irrequieto
Dou braçadas.

E estou em frente ao mar
Sozinho a lavar
As minhas mágoas
Tão terrenas nestas águas
Insaciáveis
Por momentos soltos
Em planícies de encantos
Que ouvem meus prantos
Abomináveis.

E estou em frente ao mar
Olhando o horizonte a navegar
Em embarcações vastas
Por terrenos que devastas
Mesmo sem estares
À minha frente
Tão rente e tão quente
Assim continuas presente
No meu olhar.

05 julho 2004

País Portugal

País que mergulhou em cores que berraram pelas cidades
País que se mostrou ao mundo com um povo vibrante
País que acolheu e que para os outros deixa saudades
País meu que foi de todos e que continua a ser quente.
Continua a ser um dos mais belos pedaços de terra única do mundo
Continua a ter um dos mais bonitos povos da história
Continua a ver orgulho em cada português onde há tudo
Continua cantando o hino não perdendo a esperança na vitória.

País, continua!
Quero bandeiras, canções, remates, emoções
Quero ver e sentir portugueses, durante todos os dias e meses,
Não quero ver almas derrotadas, estátuas gregas nuas deitadas
Quero Portugal e paixão, vibração a cada desafio cultural.
Chega de desfiles de tristeza e olhe-se para a beleza
das cores por essas terras, praias e serras que nos descansam a alma
que nos fazem sentir portugueses na calma
na calma do nosso cantinho, porque este é o nosso país,
Portugal.

02 julho 2004

Manifesto me

Me manifesto, funesta poesia
Nesta ria que não sossega
Ora alegre ora doentia
Ora ébria ora sóbria.
O que quero, o que eu quero
É nascer outro dia
Escrever manifesto
A cada trago de ar que se respira
Que se quer, que se escolhe e brilha
Porque não desisto.
E ponho aqui a poesia em dia
E não paro, resisto
Enfrentando a apatia da letria
Não desisto,
Porque volto e porque estou
Porque sou e porque choro
Porque me vou e porque solto
Porque sinto e dou o salto
E manifesto.

01 julho 2004