12 setembro 2004

Por esses ventos correndo,
Bebendo o frio que cai por esses mundos
como a água que madruga
e a mágoa que se mastiga de tanta fadiga e loucura
dita, escrita e falada por esses campos fora
que agora na hora se escuta.
Num momento me descarrilo
e grito como um chato perdido
tocando no umbigo que me chora ao ouvido
e que me lê pedindo por um abismo
por essas árvores em que me agito em ternura
por essas folhas caindo em desgraça dura
e toda a mudança onde me deito sobre a esperança tua.

Quero a vida, a vida num pedaço,
aquela vida que cedo se levanta no regaço
que não se cansa e que não se farta
de compor escrita a criança e a alma
que se afoga e que depressa se renova.
Quero o mar que me convida e quero a sede que se prova
porque sou eu agora o trovador que chora
e que sem demora toca a musica tantas vezes pedida
vezes sem conta e que é esquecida por quem é contra
a harmonia desta vida e do vento percorrido
agora navegado de dia para que à noite renda na despedida
aquela brisa narrada pela poesia que na hora te sopra e te respira...