08 outubro 2004

100 dias





















[Fotografia Keith Carter]
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Quero escrever a poesia e mais 100 dias
enquanto ouço Paredes pendurando nas janelas as portas frias
deste caderno de matas e de sedes que pinto, que incendeio
que desenho, o mistério que componho, e sei-o
com pensamento, num verso que grito
Manifesto, saboreio.

Na minha mão contam-se linhas, verbos e pontos
sinais e letras que são minhas e de todos os que têm esperança,
Sou poeta, não paro, não morro, crio e mais nada interessa
nesta intensa forma sem norma onde vivo nunca morto,
Onde de mim ponho, de mim riu, onde em mim moro, em mim sonho
divagando escolho e recrio os momentos e as loucuras
e em mim acrescento um novo verso em palavras duras tão tuas
que eternamente perdurarão no tempo repentinas ou soletradas ao vento plas ruas.

Sou poeta, sem o querer, sou e não paro de o ser
quero escrever a poesia em mais 100 páginas num abraço
de riso e de choro, de escrita, em dias madrugadas onde a vontade anuncia
as pinceladas serenas enervadas da tinta preta que não termina nas alegrias.
Sou, e os poetas não desaparecem, nunca param, não morrem, nunca partem,
São eternamente e ficam para sempre em toda a parte e dali nunca mais saem.